quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ela amou um idiota

Ela amou um idiota. Não deu pra reconhecer logo de cara que ele era um idiota. Talvez os sinais tenham ficado claros depois de um tempo, mas já era tarde demais para ela reconhecer. Ela já estava cega de amor por um idiota.
Tudo começou sem compromisso - como quase todo relacionamento saudável. Gostavam das mesmas coisas, conversavam as mesmas ideias, ouviam as mesmas músicas, odiavam as mesmas pessoas pelos mesmos motivos, tinham os mesmos planos de vida, até a mesma profissão. Mas ele era um idiota.
Ela era uma criança no quesito relacionamentos. Ele era uma criança, mentalmente falando. Isso é mais que ser idiota. Além disso, é claro, ele era um idiota.
Ela era uma linda, com a vida pela frente. Quase dez anos mais nova, cheia de amigos, ignorante perante os desafios da vida - e, quer saber? Não importava. Ela passava por todos, ao largo, tirando onda e balançando o cabelo. Rindo, cantando alto e dirigindo rápido. Atraindo olhares. Mas ele? Ah, ele era um idiota.
Além de idiota, ele era inseguro. Como todo idiota, precisava espelhar sua insegurança em alguém. Ela era a vítima. Em pouco tempo, sua alegria de viver foi substituída por toda a insegurança dele. Os medos que ele tinha da vida, de fracassar, de não arriscar, de não dar certo. Os constantes "e se", a responsabilidade excessiva, o ter de dar certo a qualquer custo. O peso que ele colocava na vida era tão grande para ele que passou pra ela. Ele, o idiota, contaminou-a com toda sua amargura de viver. Era mesmo um idiota.
Sim, ele era um idiota. Ela não via, não sabia. Sua cabeça desconfiava, mas seu coração estava encantado - com o que, ainda não se sabe. É um mistério que, creio, jamais saberemos. Seus amigos tentaram alertá-la, sua família acendeu a luz vermelha e, pela primeira vez, colocou na maçaneta da porta o aviso: "Não seja burra, ele não te merece". Ele era assunto evitado entre os mais próximos. Sabe quando a vontade é dar uma sacudida na pessoa e dizer: "ACORDA, MINHA FILHA"? Pois é.
Passaram a brigar. A natureza amarga e sombria dele contrastava com a personalidade expansiva e alegre dela. Ele não gostava da forma menos responsável e mais leve como ela levava a vida. Ela mesma brigava com isso dentro de si: "será que sou irresponsável?". Chorava e se cobrava. Ele, o idiota, cobrava dela. Quando ela estava em dúvida, ele dizia: "você não pode mais errar. Não pode mais voltar atrás. Está muito velha para começar de novo, não acha?". Ela tinha 23 anos. Ele era um idiota.
Em toda briga, ele ameaçava terminar tudo. Ela chorava e implorava para que não fizesse isso, ela poderia mudar, eles poderiam mudar e ter o futuro que planejavam. Ela era diferente (era demais pra ele) de todas que ele já havia conhecido. Ela desejava que isso acontecesse. Mas a mudança, se acontecesse, não seria dela. Deveria ser dele. Ele tinha que deixar de ser um idiota. Ela devia mudar de namorado. Mas ela o amava (será?).
Ele ameaçava terminar, dizia que não dava mais. Ela implorava, soluçando, por mais uma chance. Ele, como se fosse um favor, um grande sacrifício, aceitava. E ela estava a salvo por mais uma semana - ou até o tempo que fosse até ele arrumar motivo para uma nova briga.
Demorou até que ela percebesse que ele era um idiota e ela, muita areia para o caminhãozinho dele. Demorou demais. Mais lágrimas do que ele merecia foram derramadas. Ela não dormia, não comia. Ela foi ao psiquiatra, por indicação da psicóloga, e começou a tomar remédios contra ansiedade.
Ele foi muito idiota. No fim, ele foi mais que idiota, foi babaca. Quando o respeito acaba e a insegurança sobra; quando tudo o que ele via era um trapo de gente e ela achava que ele era a tábua de salvação dela; quando ele a ignorava e estava em 164ª plano pra ele (logo depois do item "regar o cacto"), enquanto ele era prioridade zero pra ela. Ele cuspia, limpava os pés, escarrava e a tratava como uma placa de Petri com o vírus Ebola. Ele era, mesmo, um idiota.
Ela se recolheu, juntou seus cacos. Chorou, e muito. Achava que não ia sobreviver e que jamais seria feliz novamente. Não parava de pensar no idiota. Mas o tempo - ah, o tempo - veio e, de repente, aquele sentimento já não fazia mais sentido. Ela voltou a se amar. Aprendeu a se respeitar novamente e a se gostar. Já se olhava no espelho, já fazia sentido se arrumar, passar maquiagem. Já havia voltado a gostar da vista do seu quarto. Já se planejava novamente. Estava seguindo em frente.
E seguiu. Mas o idiota deixou marcas. Algumas boas, outras ruins. Uma delas foi o trauma: ele a traumatizou. Mas, ah, isso também há de passar.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pecando pelo excesso

Eu sou uma pessoa muito intensa no que faço. Amo demais, adoro demais, bebo demais, como demais, leio demais, sorvo, converso, falo demais. Prefiro pecar pelo excesso. Compro comida demais no mercado porque prefiro que sobre do que falte no churrasco. Posso congelar e usar o coração, a maminha e a cerveja numa próxima vez.

Isso acontece também nos relacionamentos - amigos, amantes, família. Aprendi desde cedo que é melhor eu me arrepender de algo que fiz do que algo que não fiz. A oportunidade passa e nada é pior do que aquela punheta mental: "e se eu tivesse feito?". Nunca vou saber. Prefiro, portanto, pecar pelo excesso.

A diferença é que não posso congelar e usar o excesso de amor, zelo, atenção e preocupação numa próxima vez. O que acaba acontecendo, fatidicamente, é a retração. Sabe quando você coloca o dedo na tomada quando criança, leva um choque e aprende a nunca mais fazer aquilo de novo? É mais ou menos isso.

Em certas situações já vividas previamente, espera-se que a gente saiba como agir. Se você adora um amigo que sempre inventa desculpas esfarrapadas para não ter te atendido ou ligado de volta, você vai continuar ligando? Se aquela sua amiga vive inventando desculpas para não sair com você, você continuará chamando? Se outros malas como esses aparecerem novamente na sua vida, você vai dar-lhes a mesma chance que deu aos primeiros? Provavelmente não.

Mesmo assim, esse tipo de frustração não vai impedir que você, eu, nós, vivamos a nossa vida na intensidade máxima. Só porque um namoro deu errado, uma amizade não foi pra frente, é que você, eu, nós, vamos deixar de namorar ou de engatar uma amizade com alguém ainda desconhecido. Não é o medo de sofrer que vai impedir esses sentimentos de aflorarem e de serem sentidos. É somente após dar vazão a esses sentimentos que a gente vai saber se o cara é uma furada ou se a amiga é, na verdade, uma mala. Louis Vuitton falsificada, de tão vagabunda.

Já amei muito sem ser correspondida, já amei demais e ele, de menos. Já fiz questão e dei prioridade a pessoas que não me tinham na mesma estima. Sei que já foi o contrário: fui o amor não correspondido, a mala que inventa desculpas esfarrapadas. Sei que faço e sou até hoje. Mesmo hoje amo demasiadamente, corro atrás demasiadamente, choro e sofro humanamente sem achar que aquilo vai ter fim, até que, duas semanas depois, já não sou mais a mesma. Dou prioridade a quem acho que devo e, se no fim das contas eu quebrar a cara, vai sobrar para um próximo churrasco. Eu prefiro pecar pelo excesso.

Pode doer tanto que a dor seja física; posso falar tanto que a voz me falha por dias depois; posso chorar a ponto de o rosto acordar inchado. Não é sempre, é nas situações que importam. Com quem importa. Aí sim: se a sensação for "eu não sou prioridade", o melhor é partir para uma próxima vivência intensa. Tal qual dedo na tomada.

Eu peco pelo excesso, sempre. E você?

Em tempo: como bem definiu um dos meus melhores amigos para a vida e além, Vitor Godoi (escritor do oqueeutoafim.blogspot.com): o problema é que as pessoas não correspondem na maneira como nos doamos. Perfeito, gordo :)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O que os homens realmente fazem na academia

Eu nunca gostei muito de academia. Mentira, nunca gostei nem um pouco de academia. Malhar, levantar peso, suar, isso nunca foi comigo. Mas, conforme a idade foi chegando, comecei a me conscientizar da importância disso pra vida, me matriculei num plano semestral e tento ir com certa regularidade. Mentira, foi porque comecei a engordar.

Justamente por isso nunca entendi o que os homens tanto fazem dentro das academias. Por que gostam tanto de ir. Quando eu vou, nunca fico mais que duas horas - isso quando tomo banho na academia. Pra mim, é cumprir tabela. Vou, faço o que tenho que fazer, e vou embora. Mas ontem à noite, numa das minhas raras aparições no ambiente sarado de uma academia, percebi que os homens só frequentam o espaço por quatro motivos:

1. Conversar com "os bróder" - pode reparar: um homem nunca está sozinho em uma academia. Ao chegar, ele sempre cumprimenta todos os instrutores e, pelo menos, três ou quatro "bróder" que estão ali também. Note que nenhum deles nunca está malhando: eles estão sempre andando para lá e para cá na academia, entre os aparelhos, usando aqueles protetores nas mãos para não formar calos, com cara de "putamerda, peguei peso pra caralho, tô me recuperando", e, disfarçadamente, se olhando no espelho. Isso, claro, quando estão sozinhos. Quando se juntam com os demais "bróder", falam mais que arara baleada. Conversa que gira em torno de assuntos como mulher, carro, tretas da "facul", mulher, balada, "churras do Digão", futebol, mulher. Conversas, claro, sempre em volume muito alto, com risadas mais altas, e palavrões ditos ainda mais alto. Em rodinhas, onde eles nunca ficam parados - andam de um lado para outro. De preferência, ao lado de algum espelho.

2. Zoar "os bróder" - os tópicos das conversas variam, mas este é recorrente: homens querem ser mais fortes que "os bróder". Por isso, ficam desafiando uns aos outros a "zerar" tal aparelho - quando você consegue levantar todo o peso disponível naquele aparelho. Não sei qual é a graça disso. O máximo que acontece é distender um músculo. Se o "bróder" não consegue, ele é chamado de "frango filho da puta" para baixo. E todos os 16 machos ao redor riem. Muito. Quando consegue, o cara sai chorando. Provavelmente porque arrebentou algum músculo.

3. Ver "os bróder" malharem - uma roda de 16 machos se reúne em torno do aparelho vendo um dos "bróder" malhar e fazer aquela cara feia.

4. Peidar Whey Protein - essa desgraça desse Why Protein é a pior coisa já inventada na face da Terra. É tipo um suplemento alimentar que vem em pó e tem cheiro de peido. Daí o povo leva o pó dentro da garrafinha pra academia e, lá, mistura com água e fica tomando esse negócio durante todo o treino. Pra piorar, esse negócio fica maturando, vinagrando, fermentando dentro do caboclo. Invariavelmente, o cara vai peidar. E acredite: vai ser perto de você.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O amor é cego, brega e... analfabeto

Ah, o amor. Que sentimento mais lindo, altruísta, mais gostoso. É tão bom amar alguém e ser amado. Passar uma tarde gostosa com o namorado, fazendo absolutamente nada, apenas curtindo a presença do outro. Compartilhar momentos, planos, sonhos. Ah, o amor.

Todo mundo concorda que, além de lindo, o amor é cego. Quando amamos, a gente releva aquela espinha horrorosa que nasceu bem no meio do nariz da pessoa amada e deixou ela com cara de rena Rudolph. A gente tenta ignorar (e corrigir, claro) vários defeitos, como deixar a tampa do vaso levantada ou deixar o carro engatado sempre que estacionar.

O amor também é brega. Os casais (EU NÃO, é bom deixar claro) adotam uma língua quase intrauterina para conversarem. "Ah, qui coizita maisi pititica di namolada! Coiziquinha maisi amolosa, ti neném maisi linduxo!", sem contar os conhecidos e batidos apelidos: mozão, mozim, pititico, pixuca, e outras bizarrices que somente podem ter saído das mentes poluídas e perigosas de pessoas enamoradas.

Pois bem. Até aí, o amor é inofensivo. O problema é quando ele quer ser proativo. Aí, não dá. Espalhar faixas dizendo "Tchutchuquinha, te amo. Beijos, Tchutchuquinho" é pedir para terminar - comigo, pelo menos. O problema é quando o amor, além de cego e brega, é analfabeto.

As fotos a seguir foram tiradas na volta de um jantar com o meu namorado, no sábado à noite, a caminho da casa dele. Começamos rindo, mas acabamos tirando fotos. Confira por que:


Tá, ok, sou contra esse fotobook Fujioka e tenho muito preconceito


Essa foi um dos ápices do brega.


Essa também não fica atrás


Cafooooooooooooona!


Não, não, ESSA é o ápice do brega


Princesa? Jura?


A mais normal


Fechou com chave de ouro, campeão

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Por que eu odeio as segundas-feiras

Existem coisas que são quase unanimidades. Tipo chocolate. É bem difícil encontrar alguém que não morra por um - apesar de a pessoa que vos fala ser uma dessas alienígenas, na visão de alguns, que não curte doce. Mas o ódio às segundas-feiras é totalmente unânime. Duvido que alguém conheça um ser que diga "nossa, eu adoro uma segunda-feira!". Se existir, esse, sim, é de outro planeta.

Acontece que eu odeio MUITO as segundas-feiras. Acho que tudo pode ser explicado pela minha ansiedade monstra, que se expressa em vários pequenos motivos que me fazem odiar esse dia da semana e o transformam em uma sequência interminável de 24 horas. Tipo, chega o Natal, mas não acaba a segunda-feira, entende?

O domingo pode até ser considerado o primeiro dia da semana, mas é na segunda que tudo começa de fato. Sair da letargia do fim de semana, do bem-bom, da companhia de quem se gosta para voltar ao mundo real. Eu, por exemplo, preciso pegar no tranco. O dia em que eu conseguir acordar cedo na segunda-feira para ir à academia, como faço nos demais dias da semana, vai chover canivete. Eu até marco consulta às segundas, às 8h, mas conseguir ir já são outros 500. A segunda, geralmente, é aquele dia que eu já acordo pensando em dormir à noite. Não pelo sono ou pelo cansaço, mas pela vontade daquele dia acabar logo!

Nos outros dias da semana, sempre tem um animado a sair de casa, ir num barzinho, se encontrar, jantar, animar, retomar a rotina - esta, sim, é uma boa rotina - chacoalhar o saco, como diz o meu pai. Na segunda, ninguém tá animado. Você já saiu de casa numa segunda à noite? Já reparou que não tem NINGUÉM na rua, nem uma alma viva sequer, passando depois das 23h30? Não sei se isso mudou, mas, até bem pouco tempo atrás, o Detran não fazia blitz nas segundas à noite, acho que por conta do baixo movimento. No fim, a segunda-feira é um dia muito igual. Nada acontece de legal, não há expectativas de algo legal. Uma surpresa, um encontro no fim do dia, uma saída, um jantar, um cinema.

Sem contar que a segunda-feira é o dia mundial da dieta. Sim, meu caro amigo gordinho como eu. Mais um motivo para a gente fazer vodu no calendário. Ninguém quer te acompanhar numa saída mais light pra um jantarzinho honesto e também não tem nada com menos de 800 calorias na geladeira. Eu só penso em pão, macarrão, sanduíche, arroz, feijão, batata. Salada-com-grelhado só aumenta minha irritação e o buraco no meu estômago.

A segunda é um dia MUITO irritante. Além de encontrar todo mundo com cara de cachorro que caiu do caminhão da mudança, tem sempre um cretino fazendo alguma piada. A segunda-feira podia ser tipo a quarta-feira de Cinzas: trabalho, só depois do almoço. Pelo menos dá tempo de acostumar com a ideia. Não,  não dá pra fazer isso durante o domingo: domingo é dia de curtir ressaca.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quanta bobagem

Gente, é muita bobagem que recebemos por e-mail, misericórdia. Pior que a gente só recebe essas bobagens porque tem gente que acredita e envia, achando que está prestando um grande serviço à sua lista de amigos/e-mails. O bom samaritano até dorme melhor, com a consciência tranquila, depois de enviar aquele e-mail "utilidade pública".

Um deles é o que diz que se você estiver numa situação de perigo, como num sequestro-relâmpago, e o bandido te levar até o caixa eletrônico, basta você digitar sua senha ao contrário que a polícia é acionada. Balela, filha. Até a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) desmentiu essa bobagem ontem. A melhor maneira de se sair bem de um sequestro-relâmpago é fazer como eu: seja tão dura que você jamais tenha dinheiro na conta. O sequestrador-ladrão vai ficar com pena de você e até te dar uns trocados do roubo anterior.

Outra bobagem é a do espelho/vidro. ATENÇÃO! Se, por acaso, você for a um motel de quinta categoria na hora do almoço com o amante, pare imediatamente a fudelância para conferir se o espelho no teto é realmente um espelho. Para isso, você tem que encostar seu dedo lindo naquele espelho duvidoso: se houver uma distância entre o seu dedinho e a imagem dele projetada, você está segura, pode voltar pro rala-e-rola. Agora, se o dedo encostar na imagem, PARA TUDO QUE ESSA PORRA É UM VIDRO E, POR TRÁS DELE, TEM UM MILHÃO DE CÂMERAS PRONTAS A FLAGRAR TODOS OS MEUS TÓRRIDOS MOMENTOS!

Agora, a gente para e discute as possibilidades: imagine que, na pior das hipóteses, tem mesmo uma câmera atrás do vidro. Imagina a grana que você vai ganhar processando o motel, o YouTube, o Google e o autor do filme. Imagine a Playboy te chamando pra posar nua por conta desse seu corpo escultural, as Brasileirinhas te oferecendo um contrato milionário vitalício, todas as escolas de samba do Rio de Janeiro disputando o seu passe para ser madrinha/rainha/musa de bateria. Todos os passes grátis e convites para camarotes e para festas! Amiga, pense nas possibilidades!

Tem o clássico "não aceite nada de estranhos porque você pode acordar numa banheira de gelo com uma cicatriz e um bilhete 'levei seu rim para passear, não sei se volto'". Gente, todas nós sabemos do golpe "boa noite, Cinderela" (nome estranho porque, nos desenhos animados, quem dorme é a Bela Adormecida), realmente acontece, é perigoso. Como nossa mãe dizia: "não aceite doces de estranhos", não é recomendável que a gente tire o olho do copo na balada. E nem a mão. Mas daí a acreditar no outro e-mail que diz que colocaram um negócio chamado "tesão de vaca" no copo da mulher e ela morreu entalada com uma marcha de caminhão, não dá.

Ah, tem também aquele novo golpe dos ladrões. Eles colocam um papel no parabrisas do vidro traseiro do seu carro, esperam você sair pra tirar (afinal, é MUITO mais fácil fazer isso do que acionar o parabrisas até o famigerado papel cair) para te ATACAR! HUA HUA HUA!

O pior de todos, pra mim, é aquele que aterroriza os pobres incautos que gostam de ir ao cinema - não é o meu caso. O coitado, azarado, entre 154 poltronas, escolhe justamente aquela que tem uma agulha infectada com o vírus HIV! Puxa vida! Que azar!

No final das contas, eu prefiro correr o risco de rapelarem a minha conta bancária, de pegar aids no cinema, de acordar sem um rim na banheira ou ter um vídeo de sexo selvagem meu na internet do que me deparar, todo santo dia, com um e-mail tonto desse na minha caixa de entrada. Beijos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tem gente que merece morrer

Sim, tem gente que merece morrer. Não tô falando de assassinos, estupradores, ladrões. Esses também. Mas meu ódio está direcionado a outro tipo de gente que merece morrer. Podemos definir essas "pessoas" como os "Folgados".

O Folgado é aquele que está à margem da convenção social. É o cara (ou a mulher, mas é que cara é mais legal de falar) que acha que só existe ele no mundo. O pior é que tem muito Folgado que anda em bando. É aquele casal de Folgados, por exemplo, que dá as mãos para andar no shopping e, enquanto ela olha as vitrines à esquerda, ele olha as da direita, impedindo que qualquer ser humano normal, que paga seus impostos, atravesse o corredor. Claro, afinal o Folgado COMPROU A PORRA DO SHOPPING E FECHOU SÓ PRA ELE. Desgraçado.

O Folgado que empaca na sua frente. Seja de carro, seja a pé. Folgado E curioso em acidente, que nunca viu uma porra de uma lanterna quebrada e passa quase a 5 km/h engarrafando a ponte. Só porque ele quer ver a desgraça alheia. Gente cuja vida é tão sem graça que se refestela na desgraça alheia. Palhaço.

O Folgado dá palpite na sua vida sem saber seu nome. Acha que você fez um mau negócio comprando um carro novo porque ele está com o mesmo Gol 1997 que faz 16 km/l e "carro só serve pra te levar de um lugar pra outro, não precisa ser bonito". A carroça do maldito tá mais batida que carro de bate-bate e ele "acha desperdício" gastar dinheiro num carro novo. "Vai bater de novo!". Além de Folgado, é chato, inconveniente. O dinheiro é meu, comprei, sim, um carro novo, e se você fosse tão bom de negócio assim, você era o Silvio Santos. Ou aquele cara que conseguiu trocar, pela internet, um clips de papel vermelho por uma casa. Não fode, vai.

O Folgado é aquele que não sabe seu nome, não te dá bom dia, mas só vem falar com você pra pedir favor. Ou pra perguntar o que significa o número 29 que você tem tatuado no pulso. FODA-SE! Pensei em fazer como os surdinhos que vendem canetas nos bares que andam com um bolo de bilhetinhos, dizendo "Oi, eu sou surdo, tô vendendo isso aqui". Mas percebi que essas pessoas não merecem o esforço. Então eu digo que é a quantidade de vezes que um imbecil perguntou o significado. Ou o tempo em anos que fiquei presa por matar o primeiro idiota que perguntou. Não cansa a minha beleza.

O Folgado também é aquele que joga lixo pela janela do carro. CARALHO, SEU PORCO! Sua casa deve ser um chiqueiro, que nojo de você! Aposto que você come meleca do nariz, come iogurte, lambe a colher e coloca de volta na gaveta e anda pela casa chutando bagaços de laranja, sacos de pão e latinhas de cerveja. Depois, o tapado coloca a culpa no governo porque a rua alagou. "Ah, mas foi só um papelzinho de Trident". Animal, vou jogar esse papelzinho de Trident nesse seu cofrinho cabeludo. Apa. Apaputaquepariu.

Gente Folgada acha que tudo o que diz respeito a si mesmo é importante o suficiente para ser tuitado. "Sou uma à-toa que não faz nada da vida e agora vou dormir porque o sono pós-almoço bateu, apesar de eu só ter acordado para almoçar. Beijuxxxxxxxxxx". Seja útil, já que você não pode ser agradável, e vá lavar a louça do almoço para ajudar a pobre da sua mãe, que se soubesse que você sairia assim, teria criado, registrado e batizado a placenta e jogado o menino fora. Babaca.

O bosta do Folgado deixa o celular no volume mais-alto-do-mundo-que-os-mineiros-do-Chile-conseguem-escutar-modo-estoura-tímpanos e o toque é "Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não"... E SAI DA SALA. Por que, meu Deus, você acha que eu sou obrigada a aguentar o seu mau gosto musical e conviver com o seu problema de surdez? Já experimentou passar cotonete no ouvido? Seu porco! O que você tem contra o velho e bom "trim-trim"? Bota essa porra pra vibrar e enfia no cu!

Gente Folgada e Burra é ainda pior. "Ai, jente, oje estou com enchaqueca! Que tixtiiiiiiiiiiii :( axu ki foi o almosso ki não me feix beim". MORRE, SUA ANTA! VAI SER ALFABETIZAR! SAI DA LAN HOUSE E VAI ESTUDAR! PARA DE PENSAR NO JUSTIN BIEBER, NA FAMÍLIA RESTART, NO NX ZERO, NA PUTA QUE TE PARIU! VAI SE ALFABETIZAR! E não fode a minha paciência!

Sim, estou amarga, e daí?

segunda-feira, 21 de março de 2011

Coisas que amamos

Não sei você, mas eu amo água com gás. De preferência, com gelo e limão - espremidinho, só o sumo. Às vezes, dispenso o gelo. Às vezes, o limão.

Eu amo palmito, amo azeitona.
Risoto. Massa, qualquer uma. Tomate seco, rúcula, muçarela de búfala, queijo minas, manteiga de garrafa, pimentas, alho, cebola, sal. Comida árabe, comida italiana, comida mexicana, comida mineira, comida goiana.

Catar amora, jabuticaba, goiaba e manga no pé.

Rever um filme que eu gosto várias vezes.
Roupa de cama nova, recém-lavada.

Tatuagens.

Maquiagem. Roupas, sapatos, bolsas, acessórios. Relógio.

Ir ao salão, fazer as unhas, fazer a sobrancelha. Fazer uma bela massagem num spa urbano. Cortar/pintar/hidratar o cabelo. Acupuntura.

Shopping vazio. Cinema vazio.

Café. Um bom café. Biscoito de queijo. Pode ser pão de queijo também.

Almoço de sábado. Feijoada.

Sol, mar, praia, piscina. Cheiro de Sundown.

Papelaria, farmácia, livraria, banca de revista.
Começar a ler um livro. Ler o livro. Terminar de ler o livro. Comprar livros.

Aprender uma língua. Exercitar a língua ;)

Ser bem tratada pelo peguete/namorado/noivo/marido.

Ouvir jazz, blues, bossa nova, Norah Jones.

Um dia na semana só seu. Ou uma noite na semana só sua. Para ler, desenhar, pintar, ver um filme, ver TV, simplesmente ficar sozinha com você mesma.

Ficar na cama até tarde.

Perceber que emagreceu.

Elogios sinceros.

Cerveja, vinho, tequila. Barzinho. Comida de barzinho.

Conhecer lugares novos. Ser bem tratada em lugares antigos e novos. Ficar amiga do garçom.

Morrer de rir no teatro. Esperar uma encomenda e ela chegar pelo correio.

Comprar móveis, decorar um cantinho.

Tirar fotos e depois ver como ficaram.

Arrumar o armário, tirar toneladas de roupas que você não usa mais e doar. Ou vender. Ou trocar.

Eu amo tomar banho com o sabonete de uva ou de açaí da Natura. O cheiro é maravilhoso.

Experimentar um xampu novo, comprar um perfume novo, tomar banho antes de dormir, tomar banho depois da praia.

E você? O que você ama?

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cassolos

Alguém que não gosta de cachorro não pode ser uma boa pessoa.
Alguém que não tem paciência com os bichinhos também não pode ser levado a sério.

Cachorros são a criaturinha mais perfeita criada por Deus. Não os homens, os cachorros.

Cachorro não te sacaneia, não te chifra, não te trai, não fala mal de você, não rouba suas senhas do cartão de crédito nem pega dinheiro da sua carteira sem te avisar. Não dirige seu carro e deixa o tanque na reserva.

Melhor do que isso: cachorro fica do seu lado, deitado na sua cama, quando você está doente. É o único que te recebe na porta. Quando eu faço compras no mercado e preciso tirar as sacolas (ecológicas) de dentro do carro, meu cachorro não me ajuda a carregar, óbvio. Mas pula no porta-malas e faz todo o trajeto garagem-cozinha-garagem comigo.

Além de tudo, são lindos. Mesmo os cachorros mais feios, aqueles que ganham concurso de feiúra, são lindos. São fofos. Criaturinhas em quatro patas com aquela carinha de sapeca. Com aquela língua pra fora e aquele olhar pidão. Sentados, pulando, deitados, correndo, nadando, em pé. Cachorro é tudo de bom, como diz uma propaganda aí.

A raça humana é imbecil. Os humanos usam a sua super inteligência pra criar tudo o que há de ruim e egoísta nesse planeta. Os humanos deixam a luz do quarto acesa, mesmo que o cômodo esteja vazio. Humanos são preguiçosos e folgados, alguns sequer são capazes de deixar o prato sujo na pia depois de almoçar. Homens criam propagandas ruins, músicas ruins, filmes ruins.

Aí eu não entendo por que não há punições severas - nem divinas! - para aqueles imbecis que maltratam animais, cachorros em especial. Tem um programa no Animal Planet - canal 69 da Net - chamado "Animais em Risco", onde uma patrulha da polícia investiga SOMENTE casos de abandono, crueldade e negligência com animais. A cada caso, os culpados pelos maus tratos são multados e até presos! O máximo!

O programa inteiro é muito triste - cães, gatos, galinhas e até cavalos são encontrados nas piores situações possíveis de abandono. Sem água, sem comida, por vários dias, presos em cubículos, machucados, semi-mortos.

Mas o final é sempre feliz. Os animais são reabilitados nas clínicas do governo e colocados para adoção. Uma família linda e feliz - ou uma fazenda, dependendo do animal - adota o bichinho e todos saem ganhando.  Sempre choro nesses programas.

Sempre choro em outras situações, como ao ver um animalzinho atropelado na rua ou ver os pobrezinhos abandonados. Infelizmente, não tenho autonomia em casa para acolher o bichinho até que ele seja adotado. Se eu começasse a levar cachorros de rua para casa, minha mãe comeria meu... baço. Com farofa. Mas um dia, quem sabe...

P.S.: cassolo é a minha forma fofa de falar cachorro.

quinta-feira, 17 de março de 2011

I heart make up ou a eterna busca pelo rímel perfeito


Eu amo maquiagem - como 154% das mulheres que conheço. Mas ontem à noite passei por aquele momento sublime experimentado por 11 entre 10 mulheres que compram maquiagem remotamente: recebi a sacolinha da Avon.


A mulherada que compra maquiagem Avon/Natura/Jequiti... Pô, Jequiti? Enfim, quem compra cosméticos pela revistinha tem orgasmos múltiplos quando a sacolinha finalmente chega (junto com a notinha para pagamento, mas os itens dentro da sacola rapidamente nos fazem esquecer desse pequeno inconveniente).

Comprar maquiagem pelas revistinhas Avon/Natura/(tá, vai) Jequiti tem todo um ritual. Quando as revistinhas chegam, acho que meus olhos brilham de tanta emoção. Começa assim: primeiro a gente folheia, passa página por página vendo o que tem de mais legal. Depois, volta tudo e, munida de uma caneta, a gente puxa uma seta ao lado do produto que gostou e escreve o nome da cliente (cara, é a parte mais legal). Por fim, a gente dá mais última olhada pra ver se não tem mais alguma coisinha que queira comprar.

Depois desse ritual, a espera. É que aquilo demora TANTO pra chegar que eu, pelo menos, esqueço que pedi e o que pedi. Quando os produtos finalmente chegam, o efeito é quase como o de uma festa surpresa, receber flores, chegar no carro e encontrar um bilhetinho no parabrisas - que não seja multa, obviamente.

O inconveniente é um só: você nunca sabe se aquilo que comprou vai funcionar na sua pele. Numa das últimas vezes, comprei um conjunto de sombras que não deu muito certo. A impressão que eu tive é que estava passando giz rosa no olho – aquela merda não fica colorida de jeito nenhum!

Ontem passei por essa decepção. Há meses procuro pelo rímel perfeito, aquele que não escorre, não borra, não te deixa com cara de Mortícia Adams ao longo do dia. O meu era essa catástrofe. Me deixava com um risco preto debaixo dos olhos. Um horror.

Munida de muita esperança, pedi um rímel novo da Avon (há um mês, claro), e eis que fui testa-lo hoje. O trem tem pó de ouro e tudo o mais – mas eu acho que é só purpurina, mesmo. UMA DROGA! O pincel é tosco, o rímel é cinza, e não preto (eu pedi o preto!), tive que passar oitenta vezes para conseguir um mínimo de efeito!

Enfim, aqui fica o apelo: meninas, quem conhecer um rímel bacana, favor me avisar. Estou perdendo a fé na humanidade.

Eu falo palavrão

Mulheres que nunca ouviram, na infância, algum adulto dizer que é feio menina falar palavrão que atire a primeira pedra.

Com crianças acho que esse tipo de censura é aceitável. Afinal, ninguém quer que seu filho saia soltando caralhos e porras por aí nem xingando a professora de filha da puta.

Mas, e quando a gente cresce? Por que alguns homens, e também algumas mulheres, insistem em colocar essas amarras e, PRINCIPALMENTE, censurar quem escolhe "ser menos feminina" e soltar uns palavrões?

Uma das minhas melhores amigas fala palavrão. Hoje mesmo, reparei que ela me enviou uma mensagem que começava assim: "porra, tá foda". E é uma das pessoas mais femininas que conheço. E daí se ela quer soltar um palavrão em vez de um "oh, puxa, que droga"?

Falo palavrão, e falo mesmo. Com gosto, com vontade. Às vezes, sem perceber. Já incorporei. É claro que não saio falando palavrão a torto e a direito, com qualquer um, em qualquer situação. Mas, se estou me sentindo à vontade, numa ocasião informal, tenho que me conter porque alguns puritanos não conseguem aceitar que uma mulher possa falar palavrão? E nem adianta fazer cara feia: pra mim, cara feia não é fome, é feiúra, mesmo.

Não há quem possa me convencer a parar de falar meus palavrões diários. Não vou me conter quando um cara me der uma fechada no trânsito. Vou soltar um "porra, que filho da puta" em vez de um "oh, puxa, este senhor foi um desatento, mesmo". Já tenho muito o que guardar e prender esse tipo de impulso só vai agravar minha futura úlcera.

São poucas, mas marcantes, as mulheres que conheço que têm o hábito de falar palavrão e não se envergonham disso. É claro que não quero que todo mundo saia por aí se xingando. Além do mais, tem gente que simplesmente não combina com o palavrão. Ele faz parte do estilo e do caráter da pessoa. Você jamais vai ver a Sandy falando um palavrão. Por que? Porque ela é a Sandy, e gente que parece com a Sandy não tem perfil pra falar palavrão. Esse tipo de gente mancha a imagem do palavrão com sua pretensa pureza, fica forçado, fica feio. Gente assim deveria ser multada por falar palavrão.

Post dedicado a todas as garotas de fibra, coragem, salto alto, personalidade e maquiagem que têm coragem de falar palavrão.